26 meses, nos recuperando de gripes e sustos

 Clamaram a ti, e foram libertos; em ti confiaram, e não se decepcionaram.

Pois não menosprezou nem repudiou o sofrimento do aflito; não escondeu dele o rosto, mas ouviu o seu grito de socorro. Salmos 22:5; 24

Assim conhecemos o amor que Deus tem por nós e confiamos nesse amor. Deus é amor. Todo aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele. Dessa forma o amor está aperfeiçoado entre nós, para que no dia do juízo tenhamos confiança, porque neste mundo somos como ele.

No amor não há medo; pelo contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor. Nós amamos porque ele nos amou primeiro.

1 João 4:16-19

Contudo, tu mesmo me tiraste do ventre; deste-me segurança junto ao seio de minha mãe. Desde que nasci fui entregue a ti; desde o ventre materno és o meu Deus. Salmos 22:9-10

Na noite de domingo para segunda, nossa gatinha voltou a reclamar bastante... eu já nem sei quantos dentinhos que estão nascendo, porque enquanto novos dentes começam a surgir, os antigos ainda estão terminando de despontar. Mas o fato é que ela estava salivando horrores, com a pele ao redor da boquinha encharcada - às vezes até a gente ficava ensopado com ela no nosso colo! A chupeta voltou a ser item básico de sobrevivência e era sugada freneticamente.

Ela passou a segunda-feira meio inquieta, às vezes se engasgava com a própria saliva e lógico, ficava super brava com tudo isso. Para completar à tarde seu narizinho começou com um pouco de coriza, e à noite ela começou a ficar muito, muito agitada - parecia estar com forte dor. Ficamos preocupadíssimos, pois a única vez que ela havia ficado agitada assim foi quando teve uma séria infecção no início do ano. Eu fiquei muito nervosa e aflita, por isso umas 3h30 da manhã lá fomos nós para o hospital.

Em outros tempos teríamos esperado mais um pouco, mas agora nunca sabemos quando a coisa pode ser mais séria ou não. Chegando lá ela já estava com 38 ºC (em casa ainda não estava com febre). Eu fiquei mais angustiada ainda, pois mesmo com infecções sérias ela raramente tem febre. Foram refeitos exames de sangue e urina e também raio X do tórax. Para colher o sangue, foi surpreendente pois conseguiram de primeira na mãozinha e ainda já deixaram um acesso venoso caso fosse necessário (isso é maravilhoso pois nas outras internações enfermeiras e médicos penaram tentando pegar uma veia, então o fato de ela ter um acesso venoso já me deixou mais tranquila).

Passamos a noite em um box do pronto-socorro do Sabará e aos poucos ela foi acalmando - ainda estava agitada mas pegava a chupeta e cochilava um pouco.  Pedi para lhe darem soro para ela se hidratar e fazer mais xixi para a coleta, pois o que ela havia feito tinha vazado todo fora do saquinho. Enfim, foi só por umas 9h da manhã que a médica veio dizer que os exames estavam normais e que não tinha por que ela ser internada. Recomendou alivium para os dentes e inalação e soro para o nariz. Pediu para eu dar líquido para ela, para ver se conseguia se alimentar, e então viemos para casa - até sairmos de lá, e com o trânsito, fomos chegar quase 1h da tarde!

Foi uma noite daquelas, muito cansativa! Vovó Cida estava comigo, e ficávamos nos revezando pois só havia uma cadeira para sentar do lado da Vitória. Nunca sentimos tanto sono!

Já em casa, a Vitória não quis comer comida mas aceitou bem um suco. Ao longo do dia foi ficando mais gripada, e quarta-feira mamou com bastante dificuldade. Ontem ela já estava um pouco melhor, mas veio uma tosse chatinha. Hoje a tosse ainda persiste, mas ela já está comendo bem, apesar de estar com muito sono.

Confesso que me segurei para não irmos ao pronto-socorro de novo por causa da gripe e da tosse, já ficava imaginando mil coisas e pensando que ela tinha que tirar mais um raio x e ser auscultada por um médico. Mas vejo que ela está bem, é só uma gripe como ela já teve outras vezes, eu é que tenho ficado mais preocupada e não tem porque ficar carregando ela para o hospital toda hora, fazendo e refazendo exames.

Desde a última internação séria dela em janeiro que eu estou me sentindo muito cansada física e emocionalmente, percebo que coisas pequenas me deixam muito aflita, quando normalmente eu levaria tudo com mais tranquilidade.

A forma como ela ficou doente das outras vezes (em outubro e janeiro), com uma piora muito rápida, e na última vez ainda os exames estavam mascarados sem acusar infecção, e no dia seguinte ela já estava entrando em choque séptico - tudo foi muito traumático e difícil. Agora toda vez que ela começa a reclamar um pouco já fico preocupada achando que talvez esteja começando tudo de novo, e tento desesperadamente estar preparada para agirmos rápido e não permitir que ela sinta dor e tenha que passar pelo tratamento tão invasivo como das outras vezes. Nós convivemos com a perspectiva de perdê-la desde o início da gestação, e não é exatamente isso que mais me assusta, apesar de que, lógico, nunca estaremos preparados. Mas o que me aflige é a perspectiva de vê-la sofrer, de não conseguir ajudá-la. Claro que durante toda essa caminhada não há um passo que tenhamos dado sem ajuda de Deus e é assim somente que seguiremos adiante.

Estamos todos bem cansados, e vemos que não somente ela, mas nós também precisamos nos cuidar, ir no médico, buscar ajuda para cumprir essa jornada que nos últimos meses tem sido um pouco mais cansativa e desgastante.

 

Ao mesmo tempo, nossa filha tão linda e amada continua aqui, inspira cuidados, e se por um lado é cansativo, também é maravilhoso cuidar dela, vê-la crescer, se comunicar conosco, sentir nosso amor e retribuir, em sua própria linguagem única, que nos esforçamos e nos aplicamos para compreender e traduzir para os que nos cercam. Uma linguagem que do inicio ao fim é de amor, de pureza, de confiança e entrega.

Desde o início dessa jornada, sabemos que é preciso viver um dia de cada vez, e amar de todo coração como se cada dia fosse único.

Vejo minha filha como um precioso tesouro que Deus me confiou, e do qual tenho que cuidar com todo esmero, com todo amor, como o tesouro mais raro e valioso que já tive em minhas mãos. E um dia quando Deus a chamar de volta, poderei lhe dizer, com paz em meu coração, que a amei, a protegi e zelei por sua vida mais do que por minha própria vida, com todas as minhas forças, e confiar que então daquele momento em diante Deus cuidará dela para mim. Isso pode acontecer em poucos meses ou em muitos e longos anos. E essa é a essência do amor, que tudo espera, que tudo suporta, que tudo crê.

Acho que agora entendo melhor porque o apóstolo Paulo disse que o amor é o dom mais importante e que devemos buscar mais avidamente. Mesmo quando a fé fraqueja, quando a esperança se esvai, se o amor ainda perdura, é possivel reencontrar a fé, é possível reanimar a esperança e seguir em frente.

E seguimos em frente nos reconstruindo, nos recuperando de gripes e sustos, e assim completamos 26 meses junto com nossa amada Vitória de Cristo, cada vez mais linda, cada vez mais doce, cada vez mais amada, para glória de Deus!