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Mas eu sou como uma oliveira que floresce na casa de Deus; confio no amor de
Deus para todo o sempre. Salmo 52:8

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Doação de Sangue e Medula Óssea

Queridos amigos, no próximo sábado de manhã, nós vamos até o Hemocentro da Santa Casa às 10h para doar sangue e nos cadastrar como doadores de medula óssea (o cadastro é feito apenas retirando uma amostra de sangue). Gostaria de convidar quem nos acompanha aqui no Blog, que é de São Paulo, que ainda não é doador e pode ser, a ir conosco.

É algo que há tempos já queria fazer, por dois motivos. Quando nossa Vivi esteve na UTI, ela precisou receber várias transfusões de sangue e soubemos o quanto esses pequenos gestos fazem muita diferença em uma vida (e para quem doa é apenas um pequeno desconforto passageiro). Além disso, desde que ela nasceu passei a ter contato com muitas histórias de outras crianças enfrentando outros desafios, que necessitam de transfusões e transplantes de medula óssea, e passei a entender melhor a importância inestimável dessa ajuda.

Nossa princesinha precisou receber concentrado de hemácias várias vezes em seus primeiros meses de vida, pois ficava com anemia facilmente. E também durante a cirurgia de fechamento do crânio, pois um bebê não aguenta perder muito sangue em uma cirurgia. Felizmente sempre havia essa maravilhoso tratamento disponível e ela melhorava 100% com isso. Uma hora estava pálida, cansada e abatida, e depois que recebia as hemácias ficava rosinha, respirando super bem e cheia de vida. Graças a Deus depois que ela cresceu a atingiu um bom peso nunca mais teve anemia. Ela veio para casa se alimentando super bem e até o dia em que Deus a chamou estava forte.

Quando ela estava na UTI Neo, nós pedimos ajuda de amigos e familiares aqui do blog para repor o sangue que ela havia recebido, e ficamos muito felizes quando o médico que acompanhava as transfusões nos disse que mais de 30 pessoas já haviam doado sangue para ela - e acho que muitos mais doaram até o momento da alta dela. Acredito que todos fizeram isso pelo amor e carinho que tinham por ela, e pelo quanto torciam para que ela ficasse bem e viesse para casa (e na época o blog tinha pouco mais de 100 seguidores).

A história dela motivou as pessoas próximas a criarem disposição e coragem de doar. Mas na verdade, o sangue que ela recebeu foi de outros amigos anônimos que já haviam doado o sangue, que nunca saberemos quem eram.

E o sangue que foi doado para o nome dela por tantos amigos, na verdade não ajudou a ela, que já havia recebido sangue antes. Mas a outras crianças, jovens e adultos anônimos que os doadores jamais conhecerão.

Isso tudo me ajuda a pensar que esta doação irá ajudar pessoas que desconheço, que devem ser crianças lindas e preciosas como nossa Vitória, ou jovens e adultos com uma história de vida única e cheios de sonhos. Por mais que eu divulgue aqui que estarei doando (e só estou fazendo isso para poder motivar outras pessoas a fazerem o mesmo), essa ajuda ficará sempre anônima. Mas fará muita diferença para quem está lutando pela vida em uma situação difícil de internação hospitalar.

Nos meses de dezembro e janeiro os estoques de sangue caem a níveis críticos pois as pessoas costumam viajar e se envolver nas festas de fim de ano, e ao mesmo tempo devido a época de férias aumenta o número acidentes nas estradas e pessoas que são internadas.

Mesmo para quem não pode ser doador de sangue, (pois existem alguns critérios), o processo para se cadastrar como doador de medula é bem mais simples. Infelizmente é muito difícil encontrar um doador compatível (uma chance para cem mil a um milhão), portante é realmente um grande privilégio ser compatível e poder ajudar alguém.

Por isso gostaria de convidar quem mora em São Paulo e quiser ir conosco! Será uma ótima oportunidade para encontrarmos amigos do Blog, e quem sabe tomar um cafezinho ali por perto depois. Publiquei um recado no Facebook essa semana e infelizmente ninguém confirmou ainda que poderá ir com a gente, mas de qualquer forma o recado está dado aqui também. Quem não é de SP e quer doar, veja os links informados abaixo com os endereços dos Hemocentros.

O endereço para se cadastrar em São Paulo:
(para doar sangue e ao mesmo tempo se cadastrar como doador de medula) 
Santa Casa - R. Marquês de Itu, 579 - Vila Buarque - São Paulo
Telefone: (11) 2176-7000 / 0800-167-055 - há estacionamento no local.
Saiba como chegar: Google Maps

estaremos lá neste sábado, 1º/12/2012 às 10h

Seguem abaixo os critérios de doação e links de informativos mais detalhados:

Para ser doador de medula óssea:

  • Para se cadastrar como doador voluntário de medula óssea é preciso estar com boa saúde, ter entre 18 e 55 anos e sem antecedentes de câncer.
  • Diabéticos podem doar;
  • Pessoas grávidas ou amamentando podem doar;
  • Pessoas que têm pressão alta podem doar;
  • Não há nenhuma restrição quanto a meningite, anemia ou hepatite 'A' que a pessoa tenha tido anteriormente;
  • Não há peso mínimo;
  • Pessoas que têm tatuagem podem doar.
  • O transplante de medula óssea é indicado para pacientes com leucemia, linfomas, anemias graves, imunodeficiências e outras 70 doenças relacionadas ao sistema sanguíneo e imunológico. 
  • Os doadores devem preencher um formulário com dados pessoais; 
  • É coletada amostra de sangue de 10 ml para o teste de tipagem, esse verifica a compatibilidade do doador com o eventual receptor.
Fonte: HemoBlog

Para saber mais:


Para ser doador de sangue:

Requisitos básicos
  • Estar em boas condições de saúde.
  • Ter entre 16 e 67 anos, desde que a primeira doação tenha sido feita até 60 anos (menores de 18 anos, é necessária autorização dos responsáveis).
  • Pesar no mínimo 50kg.
  • Estar descansado (ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas).
  • Estar alimentado (evitar alimentação gordurosa nas 4 horas que antecedem a doação).
  • Apresentar documento original com foto emitido por órgão oficial (Carteira de Identidade, Cartão de Identidade de Profissional Liberal, Carteira de Trabalho e Previdência Social).

Impedimentos temporários
  • Resfriado: aguardar 7 dias após desaparecimento dos sintomas.
  • Gravidez
  • 90 dias após parto normal e 180 dias após cesariana.
  • Amamentação (se o parto ocorreu há menos de 12 meses).
  • Ingestão de bebida alcoólica nas 12 horas que antecedem a doação.
  • Tatuagem nos últimos 12 meses.
  • Situações nas quais há maior risco de adquirir doenças sexualmente transmissíveis: aguardar 12 meses.
  • Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia, Roraima, Maranhão, Mato Grosso, Pará e Tocantins são estados onde há alta prevalência de malária. Quem esteve nesses estados deve aguardar 12 meses.

Impedimentos definitivos
  • Hepatite após os 11 anos de idade. *
  • Evidência clínica ou laboratorial das seguintes doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue: Hepatites B e C, AIDS (vírus HIV), doenças associadas aos vírus HTLV I e II e Doença de Chagas.
  • Uso de drogas ilícitas injetáveis.
  • Malária.
Fonte: Fundação Pró-Sangue

Saiba mais:

sábado, 24 de novembro de 2012

Uma noite estrelada de lembranças



Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da tua presença? Se eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama na sepultura, também lá estás. Se eu subir com as asas da alvorada e morar na extremidade do mar, mesmo ali a tua mão direita me guiará e me susterá. 
Mesmo que eu dissesse que as trevas me encobrirão, e que a luz se tornará noite ao meu redor, verei que nem as trevas são escuras para ti. A noite brilhará como o dia, pois para ti as trevas são luz. 




Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe. Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Disso tenho plena certeza. 
Meus ossos não estavam escondidos de ti quando em secreto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu embrião; todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir. Salmos 139:7-16



Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos.
Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite.
Sem discurso nem palavras, não se ouve a sua voz.
Mas a sua voz ressoa por toda a terra, e as suas palavras, até os confins do mundo. Salmos 19:1-4



Bendirei o Senhor, que me aconselha; na escura noite o meu coração me ensina!  Por isso o meu coração se alegra e no íntimo exulto. Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua presença, eterno prazer à tua direita. Salmos 16:7, 9, 11



É estranho beijar o vidro de um porta-retrato ou acariciar uma foto. Apertar um cordão contra o peito ou cheirar uma peça de roupa. São coisas que só quem perdeu alguém que ama pode saber o que é. À medida que o tempo passa, a saudade aumenta. As lembranças ajudam. Não curam a saudade, mas confortam de alguma forma.

Lembro quando ela dormia tranquila em seu berço e eu ia até lá, lhe dava um beijinho e acariciava seu rosto. Ela se mexia suavemente e continuava em seu sono. Ela dormia bastante, desde pequenina. Aprendemos a respeitar seu tempo, seu ritmo e seus limites. Gostaríamos de tê-la mais vezes acordada a brincar, é o que se idealiza para uma criança. Mas desde o início soubemos que deveríamos amá-la exatamente como ela era, e deixá-la nos maravilhar como era, em vez de criar expectativas idealizadas. Como ela nos surpreendeu!

Éramos muito gratos por tê-la a dormir em paz e tranquila pertinho de nós. Por ver sua graciosidade ao acordar. E, ah, os momentos em que ela brincava conosco... eram mágicos. Ver seu sorriso era como ver, por um rápido vislumbre, uma fresta do céu através dos seus olhos.

Mas mesmo quando ela dormia, sua presença enchia a casa e nos alegrava. Acho que havia muitos anjos ao redor de seu berço quando ela dormia. Acho que a pureza da sua alma, sua doce presença e o imenso amor de Deus por sua vida enchiam a casa de anjos, de amor e de paz. É impossível descrever perfeitamente. É surpreendente como esta experiência pode ser absurdamente diferente do que o senso comum imagina. 

Aquela velha história de "meu Deus, que tristeza, quanto trabalho, quanto sofrimento” (por se ter um filho com deficiência), de nutrir o sentimento de pena e lamentação, isso não passa de senso comum. Existem desafios, mas existem alegrias que muitos desconhecem.

Cada experiência é única e tudo que podemos fazer é trocá-las, dividi-las, somá-las e aprender. Isso é muito melhor do que tomar algo por absoluto e categorizar todo mundo dentro de uma caixa de sofrimento, como se costuma fazer. São algumas considerações em que eu penso às vezes.

Mas deixando as considerações e voltando para o início desse escrito. Hoje só posso beijar um porta-retrato e não seu rosto macio. Só posso segurar minhas lembranças e não sua mão delicada e quente. Hoje só posso seguir em frente e tentar viver, reencontrar ou criar novos sentidos, acordar, trabalhar, viver, dormir... é tudo um pouco estranhamente comum e rotineiro.




Volta e meia encontro algumas comparações para o que vivemos com nossa amada.

Penso que sua vida foi como um dia de sol – e como os dias de sol eram maravilhosos com ela! Ela brilhou intensamente, mas chegou o tempo de descansar. Para nós veio a noite da sua ausência. 

As pessoas gostam de dizer que quando alguém morre vira uma estrelinha. É um jeito poético de falar da morte, especialmente para crianças. Confesso que nunca vi muito sentido nessa explicação. Afinal uma estrela fica parada e imóvel no céu, inanimada. Como assim, a pessoa vira uma estrela?

Mas talvez agora, nos meus pensamentos profundos, nas minhas reflexões que me levam para longe e me ajudam a organizar as emoções confusas, o passado e o presente em gavetinhas especiais do meu coração, talvez agora eu encontre algum sentido para essa comparação.

Dizem que as estrelas que nós vemos são a luz viajando pelo espaço durante milhares de anos... um brilho que já passou, de estrelas que já morreram. Alguma coisa assim, não é?

Agora tudo que temos é esse brilho que ainda persiste em iluminar nossa vida, mas é um brilho distante, perdido, das suas lembranças. Como a lua que simplesmente reflete o brilho do sol. Um brilho que não tem calor mais ainda assim aquece o coração. E por mais que se encontrem direções e respostas espirituais, a morte é ainda, neste mundo, uma grande e interminável ausência.




Dentro dessa dura ausência, a fé é uma esperança e um presente que surge de um relacionamento com Deus. Muitos querem crer, mas não conseguem, porque não é simplesmente seguir uma doutrina, praticar uma religião, acreditar em algo. Acho que é muito mais do que isso - mais simples e mais profundo. Não tem nada a ver com um deus menor, mudo, volátil e imóvel dentro de um livro de dogmas - esse deus, para mim, realmente não existe! É uma viagem ao coração de Deus - de um Deus vivo que tem um Espírito e um coração, e que tenta se revelar a nós e expressar que nos ama e está próximo, apesar de nossas deficiências que nos impedem de vê-lo, ouvi-lo e reconhecê-lo (como nós tentávamos dizer a Vitória que éramos seus pais e a amávamos mesmo com suas limitações). Nesse sentido todos nós somos miseravelmente deficientes.

São só mais algumas considerações...



Mas o sol dá lugar para noite apenas para poder brilhar em outro horizonte. Se aqui seu coraçãozinho se pôs, creio que foi para poder nascer em outro lugar, com muito mais intensidade. Se aqui é noite, é porque é dia no outro lado do mundo. É porque faz sol em outro lugar. É assim que eu imagino a minha estrelinha reluzindo radiante perto de Jesus, forte, feliz, renovada e serelepe (não imóvel e inanimada!). Para poder nascer lá, era preciso morrer aqui. E daqui só posso ver estrelas e não o dia.

E aqui fico eu, com o brilho distante da sua lembrança. Que ainda é belo ao seu próprio jeito. Como uma linda noite estrelada, imersa no silêncio da saudade dos dias de sol.



Essa estrelinha vai sempre brilhar dentro do meu coração!




* Fotos: Joana Croxato
Citações bíblicas: NVI (extraídas de www.bibliaonline.com.br)

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Videos com o papai






Nós damos boas risadas com estes vídeos! Para lembrar momentos felizes e sorrir!

Primeiras semanas de vida






Estes são alguns momentos da gestação da nossa amada Vitória, (nada muito editado, o 2º é um fragmento de um vídeo do aniversário de 1 ano dela, que precisa ser reeditado), mas que nos ajudam a ver o quanto ela já era tão cheia de vida e preciosa. E muito serelepe!




quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Saudades de uma ovelhinha!


Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas; e elas me conhecem; assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. Depois de conduzir para fora todas as suas ovelhas, vai adiante delas, e estas o seguem, porque conhecem a sua voz. João 10:4, 14-15 (NVI)


nossa pequena visitante do céu!

"A morte de um bebê nos faz lutar com a vontade e o propósito de Deus. Parece estranho que Deus garantiria a dádiva da vida e, depois, a tiraria antes que ela florescesse em um estágio de utilidade. Mas podemos ter certeza de que há um propósito nessa vida, mesmo que não seja percebido de imediato.

James Vernon McGee diz que quando o pastor tenta guiar suas ovelhas para pastagens melhores, levando-as montanha acima por meio de veredas difíceis e banhadas pelo vento, ele, frequentemente, descobre que as ovelhas não o seguem. Elas temem os sulcos desconhecidos e as pedras pontudas. Então, o pastor vai até o rebanho e pega uma ovelhinha em um braço e outra no outro braço. A seguir, ele começa a subir o caminho íngreme. Logo as duas ovelhas mães começam a segui-lo e, a seguir, o rebanho inteiro começa a escalada. Assim, elas sobem o caminho tortuoso para pastagens mais verdes.

O mesmo acontece com o bom Pastor. Às vezes, ele entra no rebanho e pega uma ovelha para si mesmo. Ele usa a experiência de guiar seu povo, de levantá-los a novas alturas de compromisso enquanto eles seguem a ovelhinha por todo o caminho de casa". (Erwin Lutzer, Um Minuto depois da Morte)*





te guardaremos para sempre no coração!


amor das nossas vidas, sorriso cheio de luz!


Olá queridos amigos!

Essa semana li um livro em que achei algumas palavras muito especiais, citadas acima. Desde o início da gestação da Vivi eu sempre gostei de chamá-la de nossa ovelhinha. Gosto muito dos trechos dos evangelhos em que Jesus se apresenta como um pastor, que vai conduzir suas ovelhas, que vai tratá-las e cuidar delas quando se ferirem e, o mais especial, vai incansavelmente atrás delas quando se perderem no meio do caminho. Ao longo de toda a Bíblia, Deus se apresenta à humanidade como um pastor que cuida do seu povo, e até mesmo dedica um cuidado especial às ovelhas mamães, que amamentam suas crias! Ele ainda afirma que vai repreender e punir aqueles falsos pastores que aprisionam e levam suas ovelhas para caminhos enganosos, os lobos que se disfarçam de ovelhas.


Quando nossa amada filha nasceu, cheguei a escrever sobre isso neste post "Aprendendo a ser ovelha".

Receber a Vitória em nossas vidas foi um processo ao mesmo tempo especial, mas também doloroso, de lidar com a possibilidade da perda, de enfrentar momentos difíceis e de sofrimento, e ao mesmo tempo experimentar um amor intenso, libertador e incondicional. Hoje sentimos tanta falta dela! De acordar pela manhã e abraçá-la bem forte e lhe dizer: "que bom que você está aqui!" como o fiz tantas vezes. De sentir sua cabeça encostar em meu ombro e seus bracinhos me envolverem, sentir seus cabelos macios e perfumados em minha pele... 

Todos os dias eu fazia para ela uma vitamina de frutas e cereais pela manhã, que ela tomava com muito gosto. Depois escovava os dentinhos, limpava os olhinhos, passava soro no nariz, limpava as orelhinhas com óleo e cotonete... como todas as crianças, ela não gostava muito da parte da higiene. Eu tinha medo que ela tivesse uma cárie e caprichava na escovação, principalmente nos molares. A última pasta de dente que ela estava usando era sabor morango (sem flúor) e ela adorava! Ela até deixava eu escovar os dentinhos, mas e quando inventava de mastigar a escova, e no final engolia toda a pasta? rsrsrs 

Mas na hora de limpar as orelhinhas e o nariz ela tentava fugir e empurrava meu braço com seus bracinhos fortes, tentando me pegar com suas mãozinhas. Eu penteava seus cabelos e prendia com uma chiquinha que combinasse com a roupa, cada dia era de um jeito: às vezes uma chiquinha meio para o lado, outro dia duas "maria-chiquinhas" da mesma cor, e outro dia um rabinho para trás e conforme a criatividade e o cumprimento dos seus cabelos permitisse. Tinha que pentear rápido porque ela também não tinha muita paciência e ficava virando a cabeça para os lados - se demorasse acaba ficando tudo torto!


Também lhe dava muito colo, abraço e incontáveis beijos nas suas bochechas. Conversava com ela, perguntava se tinha dormido bem, lhe falava que estava um dia bonito, e via seus olhos cheios de graça e ternura me responderem e seu rostinho expressar gratidão e amor.


Quando estava um tempo bom de sol, passeávamos, outras vezes estava frio e eu a acomodava na "calça jeans" no sofá para ela dormir. Então ia tomar café, dar uma ajeitada na casa para depois preparar seu suco e adiantar o almoço.


Era uma imagem tão maravilhosa ir vê-la de manhã dormindo em sua cama, tão fofinha e confortável, esparramada, às vezes fazendo um ronquinho... Eu lhe fazia um carinho e lhe dizia: oi meu amor, vamos acordar? Ela acordava com uma cara de sono, os olhinhos meio fechados... e eu lhe pegava em meus braços. Ela já estava pesadinha, com 13 quilos, mas graças a Deus eu tinha força, disposição, andava para todo lado com ela em meus braços. Uma força que eu nunca tinha tido e que desconhecia! E quando ela me acordava chorando, ouvia uns gritinhos lá do seu quarto, parecia uma sirene aaahuuu, eu levantava da cama e ia correndo até ela, que estava com a cabecinha erguida e os olhinhos atentos me esperando. E imediatamente quando a pegava ela parava de chorar, e respirava aliviada, me abraçando.

Eram atitudes tão simples, mas maravilhosas, e eu entendo que todos esses meses em que cuidei dela foram muito mais importantes do que qualquer outra coisa que eu pudesse estar fazendo: trabalhando fora, tendo muitas realizações profissionais, ou até mesmo dando palestras ou falando para multidões sobre o amor de Deus. O meu maior gesto de amor por Ele era cuidar de sua ovelhinha especial. Às vezes era cansativo, sentia falta de ajuda e não tínhamos condição de pagar uma pessoa para me ajudar a cuidar dela e eu poder sair mais, fazer as "minhas coisas". É claro que seria bom trabalhar, ter mais recursos, não a levávamos em médicos particulares, viajamos muito pouco, tudo era contadinho. Mas hoje eu entendo como Deus foi bom até mesmo nisso, pois foi maravilhoso eu mesma cuidar dela e viver intensamente cada dia ao seu lado, e cuidar pessoalmente dela nos dias tranquilos e nos dias mais difíceis. Eu tinha toda a vida pela frente, agora posso fazer o que quiser, mas eu sabia lá no fundo do coração que aquele tempo com ela era único e precioso. Foi tudo muito valioso e deixou saudades sem fim!

Se fosse possível eu gostaria de continuar cuidando daquela princesinha por muitos mais anos, enfrentando as dificuldades que fossem... se fosse para vê-la feliz aqui com a gente. Mas hoje, se fosse possível, não escolheria trazê-la de volta. Porque eu creio que ela está ainda mais feliz perto de Jesus em um lugar muito melhor do que este mundo. Tenho seguido um Deus vivo que tem nos respondido de diversas formas, que creio de todo o coração que é digno de confiança e adoração. Um Deus justo e bom. A Vitória sempre foi dele, Ele a criou e a confiou a nós, e ela nos ajudou a perceber que realmente estamos de passagem neste mundo. Tudo que fazemos aqui tem seu valor e suas consequências, mas não deve ser o mais importante a ponto de sufocar nosso relacionamento com Deus e nosso amor a Ele, impedindo-nos de ouvir suas palavras, seu propósito e vontade para nossa vida hoje. A ponto de nos esquecermos que estaremos aqui somente por algumas décadas, e que Jesus tem muito a nos ensinar sobre as coisas espirituais.

Hoje eu tenho mais um motivo para seguir verdadeiramente Jesus, (não seguir pessoas, instituições, religiões ou ideologias, mas somente a Jesus): o fato de Ele ter em seus braços uma linda ovelhinha de olhos ternos e marias-chiquinhas nos esperando no final da nossa jornada. Espero que muitos mais queiram vir conosco nessa caminhada!





sua vida foi um lindo presente!




* LUTZER, Erwin. Um Minuto Depois da Morte, p. 82. Ed. Thomas Nelson Brasil, 1997.
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