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Mas eu sou como uma oliveira que floresce na casa de Deus; confio no amor de
Deus para todo o sempre. Salmo 52:8

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Um passeio no céu





De repente, tudo começou a ficar mais rápido como se estivéssemos entrando numa outra dimensão em que tempo e espaço já não tinham mais a mesma proporção de outrora. Senti um frio na barriga e um forte impacto, meu coração começou a bater mais rápido, um ruído forte, pressão nos ouvidos, velocidade, eu não tinha mais controle de nada e estava achando aquilo delicioso e emocionante. Percebi que estávamos nos distanciando do chão, era assustador, mas sabia que não havia porque ter medo. A Vitória estava no meu colo dormindo muito tranquila, aninhada em meus braços com a chupeta na boca. Então o que eu vi foi um forte clarão ofuscando os meus olhos.  Muita luz. E paz. Quando me dei conta, estávamos rodeados por nuvens e pelo silêncio. Tinha que me esforçar para manter meus olhos abertos, a luz era tão branca que doía, mas ao mesmo tempo era tão bonito e eu não queria deixar de olhar. Aos poucos a luz foi suavemente diminuindo e lá estava o azul. Havia muitas pessoas ao nosso redor mas era como se somente nós três estivéssemos ali. E a combinação de azuis era tão perfeitamente magnífica que pintor algum no mundo conseguiria reproduzir aquilo que meus olhos contemplavam. Uma visão celestial.
Eu olhava para baixo, mas tudo que eu via eram nuvens. A terra era apenas um borrão se esvaindo, com todos os seus problemas, os seus conflitos, as suas dores, tudo estava tão longe e eu percebi também, tudo era tão pequeno e muito, muito insignificante.  
O céu é tão lindo e embora não pudesse ver, eu sentia a presença de Deus. Como se Ele estivesse logo acima de mim olhando para a humanidade tão pequenina, tão limitada, tão distante... Como é possível que Ele nos veja em meio a tantos bilhões de pessoas indo e vindo, nascendo e morrendo, chorando, sofrendo, vivendo, como é que pode existir um Deus tão grandioso que criou tudo isso com suas próprias mãos e mesmo assim conhece a cada um pelo nome? Como Ele pode me ouvir quando lhe falo em meio a uma multidão de vozes clamando a todo momento em todo lugar? Por que Ele decidiu descer a este planeta caótico como um pequenino bebê para andar com pecadores, fazer milagres, curar cegos, leprosos, doentes, amar e amar e amar e depois ser torturado e morto sem culpa alguma?
Por que Ele se importa conosco ao ponto de suportar tanta maldade e crueldade que a humanidade produz, e ter sacrificado a vida de seu filho para nos dar uma segunda chance, e uma terceira, quarta, milésima chance?
E lá estávamos nós flutuando suavemente por sobre as nuvens. Literalmente. Até que o comissário passou oferecendo sucos e refrigerantes e eu parei de olhar para o céu através da janela da aeronave. Sim, tudo isso aconteceu de verdade, essa foi a primeira viagem de avião da Vitória e minhas impressões carregando-a em meus braços enquanto deslizávamos pelos ares brasileiros em direção ao Rio Grande do Sul. Saímos em meio a um tempo chuvoso e é incrível como depois das nuvens sempre encontramos um céu azul e a luz do sol.
 
Graças a Deus tudo correu incrivelmente bem. A greve iminente foi suspensa, houve uma manifestação no aeroporto, mas que pouco interferiu no horário do vôo, apesar de ter sido um desagradável incidente para começar o dia. A Vitória ficou super tranquila e no meio do percurso ainda tomou uma mamadeirona de leite. Eu, apesar do sono, não consegui fechar os olhos me deliciando com esta  visão do céu.
 
Chegamos bem, carregando carrinho, cadeirinha, mala e cuia, não pagamos excesso de bagagem (mais um milagre!) e fomos recepcionados calorosamente pela minha família. Vamos passar quinze dias aqui descansando com direito a alguns dias de praia e ar puro, quando nossa amada filha vai conhecer o mar. Vamos levá-la para conhecer seus avós, tios e primos que vivem por estas bandas e ela inclusive está participando de um amigo secreto que já está rolando entre a família.
 
Desejamos a todos um tempo muito especial nestas festas de fim de ano, que possamos experimentar momentos de paz com Deus, de reflexão, de mudanças, perdão e amor verdadeiro com as pessoas tão preciosas que Deus colocou em nossas vidas para amarmos e sermos amados: nossos familiares.

Abraços a todos e até breve!

domingo, 19 de dezembro de 2010

Que Deus te abençoe papai!

Parabéns papai pelo seu aniversário!

O dia em que nascemos é um dia muito especial. Por isso, de presente, algumas fotinhos de você me carregando quando eu nasci. Eu te amo muito e sou muito feliz por você ser meu papai.
Que Deus te abençoe.
Com amor,
Vitória





sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Chá com Promessas




Um ano atrás estávamos aguardando a chegada da Vitória - uma data provável do parto estava prevista para 22 de janeiro de 2010. Foi um período de muita expectativa e incerteza. Mas ela já estava conosco e isso era motivo de grande alegria. Decidimos deixar de lado o medo e celebrar a sua vida naquele momento. E aguardar em Deus sobre o futuro. Sorrindo e fazendo um lindo chá-de-bebê, que aconteceu dia 05/12/2009.

Esse foi o convite para o chá:

Primeira página, mostrando alguns momentos felizes da mamãe e do papai antes de a Vitória aparecer


Segunda página do convite, com uma foto da mamãe grávida da Vitória (de +ou- 5 meses)

minha mãe apareceu de surpresa
Foi uma tarde maravilhosa e inesquecível. Ganhamos lindas roupinhas, muitos abraços e cartões. O fato de que uma bebezinha estava para chegar passou a se tornar mais concreto para nós. Existia o medo, mas existia a fé e a esperança. Fizemos para ela o que havia em nossos corações, o desejo de mostrar a ela que era muito amada e esperada. Que sua vida era uma alegria independente de qualquer problema e independente das incertezas para o futuro.

Para aqueles que nos prestigiaram com sua presença naquela tarde especial, fizemos uma caixinha de promessas como lembrança. As caixinhas foram feitas de origami - fiquei umas duas semanas dobrando papéis coloridos a cada tempo livre! Selecionamos versículos bíblicos que estavam nos inspirando e nos encorajando durante aqueles meses desafiantes. Alguns versículos continham ainda a palavra vitória, para lembrar o nome da nossa preciosa filha. Minha querida sogra, me vendo quase soterrada debaixo de tantas caixas e papéis, veio me ajudar e ficou comigo até alta madrugada terminando de recortar os versículos na véspera do chá. Valeu a pena! As caixinhas deram um toque especial à decoração. Além disso, até hoje algumas pessoas comentam que têm a caixinha guardada e a leem frequentemente.


Um detalhe especial é que não havia nenhuma caixinha repetida - cada uma era diferente nas cores e combinações - uma forma de mostrar que cada um de nós é único e especial para Deus.

Queríamos que todos entendessem o motivo que nos levava a ter alegria e esperança mesmo com uma perspectiva tão ruim para a vida da nossa filha: nossa fé em Jesus nos levava a olhar não somente para esta vida, mas para a eternidade. Independente do que acontecesse com a vida da Vitória após nascer, Cristo já havia vencido a morte na cruz e por isso ela viveria eternamente. E nossa fé em Jesus nos levava também a esperar que algo de bom aconteceria em meio a tantas dificuldades, ainda nessa vida. Ainda que a vida da Vitória durasse apenas nove meses, queríamos que marcasse para sempre a vida das pessoas que nos cercavam, e que ajudasse todos a lembrarem do amor e da fidelidade de Deus demonstradas no sacrifício de Jesus por nós. Esta é a Vitória de Cristo!
 

As queridas amigas Rita Caputo e Rita Moraes que organizaram as brincadeiras e a decoração, também com versículos bíblicos em cartazes coloridos pelas paredes. Serei eternamente grata a estas amigas queridas e a todos que foram ao chá celebrar conosco a vida da Vitória. Detalhe: ela ganhou muitos presentinhos e usou todos! A única coisa que ela não usou foram as fraldas RN. É que durante todo período que ela usava fraldas RN ela estava internada, e o hospital fornecia as fraldas. Por isso, doamos estas fraldas para uma criança que estava precisando em nome da Vitória.
 

Alguns amigos com dons musicais - Angela, Levi e André, cantaram algumas canções na voz e violão. Uma delas foi Aos Olhos do Pai, do grupo Diante do Trono, cuja letra é a seguinte:





Aos olhos do Pai
Você é uma obra prima
Que Ele planejou
Com suas proprias mãos pintou

A cor de sua pele
Os seus cabelos desenhou
Cada detalhe
Num toque de amor

Nunca deixe alguém dizer
Que não é querida
Antes de você nascer
Deus sonhou com você!

Você é linda demais
Perfeita aos olhos do pai
Alguém igual a você nao vi jamais
   



Como era época de final de ano, muitas pessoas não puderam ir: esperávamos umas 70 e foram umas 20...  mas mesmo assim muitos mandaram singelas lembrancinhas para a Vitória e também palavras encorajadoras.
Muito obrigada, queridos amigos que nos apoiaram e participaram desta tarde um ano atrás!

Agradecemos muito a Deus por ter colocado ao nosso redor amigos tão especiais para manifestar seu amor e cuidado durante esta fase de nossas vidas. Agradecemos a Ele também por ter se mostrado fiel e poderoso como afirmamos que Ele é e sempre será.

"Os que olham para Ele estão radiantes de alegria. Seus rostos jamais mostrarão decepção"

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Onze abençoados meses de alegria e paz




O Senhor dá força ao seu povo; o Senhor dá a seu povo a bênção da paz. Salmo 29:11

O Senhor será também um alto refúgio para o oprimido; um alto refúgio em tempos de angústia. Em ti confiarão os que conhecem o teu nome; porque tu, Senhor, nunca desamparaste os que te buscam. Salmo 9:9-10

Então lhes disse: "Suponham que um de vocês tenha um amigo e que recorra a ele à meia-noite e diga: ‘Amigo, empreste-me três pães, porque um amigo meu chegou de viagem, e não tenho nada para lhe oferecer’. "E o que estiver dentro responda: ‘Não me incomode. A porta já está fechada, e meus filhos estão deitados comigo. Não posso me levantar e lhe dar o que me pede’. Eu lhes digo: embora ele não se levante para dar-lhe o pão por ser seu amigo, por causa da importunação se levantará e lhe dará tudo o que precisar. Lucas 11:5-8


Por isso lhes digo: Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta lhes será aberta. Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e àquele que bate, a porta será aberta. "Qual pai, entre vocês, se o filho lhe pedir um peixe, em lugar disso lhe dará uma cobra? Ou se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai de vocês, que está nos céus, dará coisas boas aos que lhe pedirem! Lucas 11:9-12; Mateus 7:11


Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que ele dá. Como flechas nas mãos do guerreiro são os filhos nascidos na juventude. Salmo 127:3-4


O que fazer quando você faz uma oração e parece que Deus não te ouviu? E pior, quando parece que Ele fez o contrário do que você esperava? Quando você confiava e parece que sua confiança foi traída? Como confiar em Deus se Ele permite que soframos, que coisas muito ruins aconteçam? Será que realmente Deus nos ama? Será que fizemos algo errado e estamos sendo castigados? Ou será que existe um propósito bom naquilo que não parece ser tão bom? E será que realmente nós conhecemos e confiamos em Deus?

Certa vez, antes de casar, eu fiz uma oração. Pedi a Deus que abençoasse meu casamento com o Marcelo e que nos conduzisse durante toda a nossa vida. Pedi que abençoasse nosso desejo de ser uma família e um dia termos filhos. E que Deus abençoasse nossos filhos. Lembro que orei coisas específicas, para que tivessem saúde, que fossem felizes, enfim, coloquei todo meu coração e minha fé naquela oração. Tínhamos apenas 22 anos e ainda esperaríamos um pouco para aumentar a família. Mas era um sonho pelo qual já estávamos orando. E eu orei todos estes anos para que Deus nos mostrasse o momento certo de ter filhos e que os abençoasse. Eu tinha certeza que Deus estava me ouvindo, como já deixara claro que estava ouvindo em outros momentos.

Quando descobri que estava grávida da Vitória, estava tendo alguns sangramentos e tive que manter repouso. Foram seis semanas de expectativa aguardando que tudo ficasse bem. Tive medo, mas pensei que era um desafio passageiro. Quando fomos fazer o primeiro ultrassom morfológico, com 12 semanas, eu tinha certeza de que tudo ia dar certo. E por isso fui pega de surpresa ao ouvir da médica que não havia sinal de calota craniana no nosso bebê. Que aquilo iria evoluir para anencefalia e nosso filho iria morrer após nascer. Eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Desde aquele momento eu pensei em meu coração que Deus poderia mudar aquela situação – afinal havíamos combinado que Ele abençoaria nosso bebê. Oramos e pedimos muito a Deus que aquele diagnóstico mudasse. E não duvidamos de que poderia mudar. Mas não mudou. Ao contrário, só se confirmou. Fiquei sem saber o que pensar. O que dizer para Deus. Não conseguia entender por que aquilo estava acontecendo conosco.

Deus, Jesus nos disse que se um filho lhe pedir algo bom, o Senhor não vai dar algo ruim, assim como se um filho pedir pão, o pai não vai lhe dar uma pedra. Se um filho pedir um ovo, o pai não vai lhe dar um escorpião. Pai, então, porque o Senhor nos enviou uma filha com um problema tão grave se pedimos que a abençoasse? Por quê? Só consegui orar até este ponto, e as lágrimas e o silêncio continuaram quando eu não sabia mais o que dizer para Deus. Depois de alguns minutos, consegui concluir. Pai, me ajude, me responda, por favor. Me ajude a entender.

Apesar das lágrimas, eu me senti bem melhor - estava buscando a Deus com sinceridade e dividindo com Ele a minha dor e as minhas dúvidas. Mais tarde, naquele mesmo dia, contei para o Marcelo sobre estes pensamentos. Disse que estava um pouco decepcionada com Deus, sem entender porque aquilo havia acontecido conosco. Deus havia nos dado uma filha com um problema grave e não a havia curado. Então mencionei aquela escritura bíblica: se um filho pedir pão, o pai não vai dar pedra, se um filho pedir peixe, o pai não vai dar cobra, se um filho pedir ovo, o pai não vai dar um escorpião... De repente o Marcelo me interrompeu e me olhou assustado: “Mas a Vitória não é um escorpião! Ela é nossa filha!”. Fiquei surpresa com essas palavras. "Claro que ela é nossa filha e eu a amo muito, e não é um escorpião. Mas o que quero dizer é que ela tem um problema grave, e por causa disso ela pode morrer, e não entendo porque Deus permitiu que isso acontecesse. Eu confio nele e estou aguardando que tudo melhore, mas realmente não entendo por que isso aconteceu”.


Alguns dias depois, eu tive um sonho. Eu dizia para alguns amigos ao meu redor: Esta é a resposta! Se um filho pedir pão, o pai não vai dar pedra. Se um filho pedir peixe, o pai não vai dar cobra. Se um filho pedir ovo, o pai não vai dar um escorpião... esta é a resposta! E então vinha na minha mente a palavra paz, e eu a repetia: Paz, paz, paz...

Foi uma resposta que eu não esperava: a minha própria pergunta transformada em resposta! Era como se Deus estivesse me dizendo: confie em mim, eu ouvi a sua oração e estou te abençoando, mesmo que agora você não entenda. Confie em mim!

Alguns dias depois eu tive outro sonho: Eu estava numa grande fila em que cada pessoa recebia um copo plástico. Todos recebiam copos perfeitos, mas quando chegou minha vez, recebi um copo amassado. Eu olhei para aquele copo e enquanto observava que era defeituoso e pensava no que fazer, o copo foi completamente torcido na minha frente como que por uma mão invisível. Não havia como utilizá-lo daquela forma. Eu olhei aquilo e então simplesmente disse: “Ó Senhor, tu podes mudar isso”. De repente o copo se desamassou e ficou perfeito. E então novamente como se houvesse uma mão invisível, alguém começou derramar água dentro do copo e ele ficou cheio.

Claro que, quando eu acordei, imediatamente pensei na Vitória e na sua malformação, e no nosso desejo de que Deus a curasse. Fiquei animada, mas ao mesmo tempo não sabia como distinguir se aquilo tudo era uma resposta de Deus dizendo que mudaria o diagnóstico dela ou se era somente uma atividade do meu inconsciente reproduzindo algo que eu desejava muito que acontecesse. Eu tinha consciência da situação e sabia que poderia facilmente me iludir. Sempre tive em meu coração a consciência de que estávamos agindo pela fé e se as coisas acontecessem diferente do esperávamos eu não iria culpar ou responsabilizar Deus. Mas não desistiria de lutar pela vida da nossa filha.

Então nós confiamos e continuamos a amar a Vitória como ela era, incondicionalmente, e independente do futuro. Nós a amaríamos intensamente e não deixaríamos de pedir o melhor para ela. Quando ela nasceu e percebi mais ainda a gravidade da sua malformação, pensei que Deus a levaria em pouco tempo - era para isso que havíamos sido preparados durante a gravidez. Mas para nossa surpresa, mesmo sem sem curada, mesmo com uma malformação incompatível com a vida, ela viveu!

Fomos imensamente abençoados em passar momentos maravilhosos com ela em seus primeiros dias de vida no hospital. Pudemos carregá-la no colo, trocar sua fralda, dar banho, vesti-la, tirar muitas fotos... coisas que não imaginamos que seriam possíveis nas suas condições. Mas quando ela já estava com cerca de quinze dias de vida, começou a apresentar uma série de dificuldades como vômitos diários, quedas de frequencia cardíaca e de saturação de oxigênio. Começou a perder peso a cada dia e ficou muito magrinha e abatida. Eu pensei que o tempo dela conosco estava chegando ao fim. Havia sido muito mais do que o previsto, mas ainda assim, era tão pouco tempo! Pedimos então a Deus que, por favor, deixasse ela ficar mais tempo. Nós a amávamos tanto e a queríamos conosco independente de qualquer problema.

Aquela foi a primeira de uma série de infecções e anemias que ela teve durante a sua internação. Não foi um tempo fácil. Choramos muitas lágrimas e vivemos momentos difíceis com ela. Este blog, apesar de sempre tentarmos ressaltar o lado bom de tudo que estamos vivendo, não esconde os desafios que a Vitória enfrentou e ainda enfrenta. Mas os leitores atentos perceberão que relatamos muitos momentos felizes. Há palavras de gratidão pela vida da nossa filha. Agora eu não tenho dúvida alguma de que ela é uma criança abençoada e que tem nos trazido muita felicidade.

É uma alegria indescritível tê-la conosco. É um privilégio sermos pais dela. A Vitória é uma criança adorável, de uma doçura e delicadeza imensas, tem um espírito forte e guerreiro, e por vezes nos vemos rindo vendo seu jeitinho único de se comunicar, de dizer que não gosta de algo, de dizer que está feliz... Sei que ela é diferente de outras crianças e em algumas coisas ela sempre será diferente. Mas sei que nenhuma criança terá as virtudes que ela tem. Ela é única e muito especial. Ela é insubstituível.

Hoje eu lembro da passagem bíblica do pão e do peixe e entendo que Deus não estava equivocado. A Vitória é uma grande bênção, mais do que podíamos imaginar. Com sua vida, Deus nos ensinou a ver coisas maravilhosas da vida que nunca havíamos percebido. Nos ensinou a confiar e descansar nele e valorizar o que realmente tem valor. E temos tido o privilégio de cuidar dessa linda menina tão adorável. Temos sido imensamente abençoados com a vida da Vitória. Pedimos bênção e Deus nos abençoou. Com muito pão, peixe e ovo, se formos usar a metáfora bíblica. Ele nos deu uma criança maravilhosa com a qual temos nos realizado imensamente como pais. Tenho o prazer de vê-la se acalmar quando a pego no colo, de vê-la feliz de barriguinha cheia, de ajudá-la a relaxar para dormir, de encorajá-la enquanto luta e faz força tentando engatinhar. E de viver a emoção de vê-la tendo grandes progressos!

Sei que, infelizmente, nem todas as crianças com diagnóstico de acrania ou anencefalia têm condições de viver como a Vitória está vivendo. Algumas ficam por um breve período de tempo com seus pais e são recolhidas por Deus. E ninguém pode dizer com antencedência quão breve será esse tempo. Ninguém pode dizer nem de si mesmo quanto tempo mais que vai viver, ou acrescentar uma hora que seja a sua vida se essa não for a vontade do Pai. Mas eu continuo achando que a resposta que Deus me deu não serve só para mim. Lembram-se que no sonho eu a repetia para muitos amigos? É o que ainda estou fazendo agora.

Agradecemos a Deus por estes onze meses da preciosa vida da nossa filha Vitória. Onze meses de vida, de refúgio de Deus em tempos de angústia e de agradáveis surpresas de alegria, vitória e paz. Onze abençoados meses de Vitória.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Visitando a amiguinha Lorena

 No último domingo, tivemos o privilégio de visitar alguém muito especial: a amiguinha Lorena, lembram-se dela? Pois é, a pequena Lorena já está em casa há mais de um mês, graças a Deus! A história da alta da Lorena é bem longa, mas o resumo é que ela está tão bem que nem precisou de Home Care com enfermagem. A própria mamãe Ângela que está cuidando dela!

Nós visitamos esta querida família e passamos momentos muito especiais com eles: a mamãe Ângela, o papai Gazo e a irmãzinha Laura, que é uma criança adorável, linda e esperta. Chegamos ao condomínio em que eles moram em Carapicuíba debaixo de um grande temporal. Logo a Ângela desceu trazendo vários guarda-chuvas para que pudéssemos sair em segurança e a seco com nossa querida Vitória. A Vitória, depois de brigar bastante no carro, dormiu e estava bem preguiçosa (ela adora dormir nos dias chuvosos!). Logo vimos a encantadora Lorena recebendo seu leitinho sentadinha no sofá da sala. Carregamos esta bebezinha fofucha no colo, tiramos fotos, compartilhamos nossas experiências e nos alegramos muito ao lembrar tudo que Deus já fez na vida das nossas filhas.
Tomamos um gostoso café e depois fomos a um culto cristão com eles, onde o papai Gazo contou para todos a linda história de vida e superação da Lorena. É fácil imaginar que as lágrimas correram soltas ouvindo tudo que eles passaram e vendo esta bebezinha sapeca tão bem no colo da mamãe, soltando um chorinho de vez em quando para nos alegrar com sua doce voz.

A Lorena e a Vitória têm muito em comum, o que aproximou muito nossas famílias. Assim como a Vitória, a Lorena é um pequeno milagre de Deus. Ainda na gravidez, ela foi diagnosticada com holoprosencefalia alobar, quando não ocorre a separação entre os dois hemisférios do cérebro, ocasionando também alterações faciais como lábio leporino. Normalmente crianças com este tipo de malformação não resistem até o final da gestação, e as que resistem infelizmente vivem poucas horas após o parto. Por isso, a Ângela foi aconselhada a buscar a interrupção legal da gravidez. Eles enfrentaram momentos de muita dor ouvindo palavras insensíveis de médicos que não enxergavam o valor da vida da Lorena, até finalmente acharem um médico, no quinto mês de gravidez, que fez o pré-natal e apoiou a decisão deles de prosseguir com a gravidez.
A Lorena nasceu prematura aos sete meses, foi para incubadora com oxigênio e surpreendentemente se manteve estável. Enfrentou vários desafios como cirurgia para correção do lábio, convulsões, medicações fortes, infecções... e enfrentou tudo serenamente. Deus deixou claro em todos os momentos que estava presente guardando a vida desta preciosa criança de todo o mal, consolando e fortalecendo ela e sua família.

Agora ela está em casa super bem. Ela ainda tem dificuldades para se alimentar por via oral, devido à correção do lábio e pelo fato de seu nariz ser pequenino. Por isso a mamãe tem de alimentá-la por meio de uma gastrostomia. Agora ela está fazendo fonoterapia e já pode provar os alimentos para sentir o gostinho. Oramos em nome de Jesus para que Deus abençoe a sua vida cada vez mais. Que Ele conduza esta família sobre a melhor forma de cuidar da Lorena. Que logo ela possa também conseguir se alimentar por via oral e que se desenvolva de forma surpreendente. Que Deus abençoe a Lorena com muitos e muitos anos de vida, saúde e alegria. E que possamos desfrutar de muitos momentos junto com esta família tão amada.


Queridos, obrigada por nos receberem tão carinhosamente em sua casa e dividirem conosco este presente tão único e especial que é a vida da Lorena. Amamos vocês!

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