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Mas eu sou como uma oliveira que floresce na casa de Deus; confio no amor de
Deus para todo o sempre. Salmo 52:8

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Tempo de viver, tempo de morrer



"Amar é ter um pássaro pousado no dedo. Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que, a qualquer momento, ele pode voar". Rubem Alves



(Fotografia: Beth Santos - CMS Photography)

"Quando o Senhor levou Elias aos céus num redemoinho aconteceu o seguinte: Elias e Eliseu saíram de Gilgal, e no caminho disse-lhe Elias: "Fique aqui, pois o Senhor me enviou a Betel". Eliseu, porém, disse: "Juro pelo nome do Senhor e por tua vida, que não te deixarei ir só". Então foram a Betel. Em Betel os discípulos dos profetas foram falar com Eliseu e perguntaram: "Você sabe que hoje o Senhor vai levar para os céus o seu mestre, separando-o de você? " Respondeu Eliseu: "Sim, eu sei, mas não falem nisso".

(...)
De repente, enquanto caminhavam e conversavam, apareceu um carro de fogo, puxado por cavalos de fogo, que os separou, e Elias foi levado aos céus num redemoinho. Quando viu isso, Eliseu gritou: "Meu pai! Meu pai! Tu eras como os carros de guerra e os cavaleiros de Israel!" E quando já não podia mais vê-lo, Eliseu pegou as próprias vestes e as rasgou ao meio. Depois pegou o manto de Elias, que tinha caído, e voltou para a margem do Jordão. Então bateu nas águas do rio com o manto e perguntou: "Onde está agora o Senhor, o Deus de Elias?" Tendo batido nas águas, essas se dividiram e ele atravessou. 2 Reis 2:1-14

Quando Vitória ainda estava conosco, um dia me peguei pensando sobre como seria quando ela tivesse que partir. Sim, porque por mais que não pensemos nisto, tanto nós, como nossos pais, nossos irmãos, nossos filhos, todos, sem exceção, morreremos. Assim como nossos filhos especiais. Só não gostamos de pensar nisto. E eu não queria pensar nunca sobre como seria perder minha amada filha. Queria saborear cada dia da sua vida comigo sem escurecer nossa felicidade com pensamentos tristes, sem preocupações, dentro do possível. Como será o futuro? Não sei, mas até aqui Deus nos conduziu, certamente não vai nos desamparar no tempo que chamamos de futuro. Mas então um dia meus olhos passaram por essa passagem da Bíblia que conta sobre o profeta Elias. Conta o texto bíblico que ele foi um homem que andou tão perto de Deus que não enfrentou a morte, mas foi levado diretamente aos céus. Então me peguei pensando, como gostaria que quando minha filha partisse, fosse desta forma. Que Deus viesse buscá-la e eu a entregasse a Ele, com uma malinha de viagem e recomendações: ela é friorenta, gosta de dormir de bruços, adora suco de maçã. Eu lhe daria um abraço bem apertado, a encheria de beijos e lhe diria: agora vá com Jesus, fique a brincar feliz no céu, e espere pela mamãe. E então ela subisse num carro de fogo e fosse levada aos céus enquanto eu lhe acenasse até a perder de vista... Ah, que bom se pudesse ser assim a morte! Como a despedida para uma longa viagem, mas sem doença, sem dor, sem um corpo desfalecido e já sem vida em nossos braços.

Também me identifiquei muito com Eliseu, o discípulo de Elias, que mesmo sabendo que a partida de seu mestre estava próxima, não queria falar sobre o assunto. Ele queria aproveitar cada instante ao lado de Elias durante seus últimos dias na terra, sem sair de perto dele um único momento. Mas não queria pensar que aqueles eram os últimos dias. Não queria que ninguém o lembrasse disso. Assim também fui eu durante toda a vida de minha filha. Ela estava viva e não queria falar de sua morte. Não queria que me falassem sobre aceitação, sobre despedidas. Mas sabia, em meu coração, que esse dia um dia chegaria.

Em silêncio, algumas vezes, pedi a Deus que quando esse momento chegasse, permitisse que fosse como a partida de Elias, suave, envolta por sua presença de amor.

Há três anos, neste momento, nossa amada Vitória estava vivendo suas últimas horas de vida nesta terra. Estava concluindo sua missão, seu bom combate, estava se despedindo. Na verdade acho que ela já estava mais no céu do que aqui. Estava na UTI, ligada a um monte de aparelhos desde o final da manhã, após algumas das horas mais difíceis de nossas vidas e principalmente da dela, quando acordou pela manhã passando mal, com febre altíssima. Após pela última vez, de uma vez por todas, passar pelo doloroso processo de entrar numa UTI, passar cateter, entubar por causa de um doloroso e inexplicável choque séptico.

Eu já não estava em pânico como das outras vezes. Eu estava tão cansada, assim como ela. Eu estava completamente rendida a Deus, sem ação. Eu somente disse a ela como das outras vezes: "Meu amor, se você quer ficar e lutar, estou aqui ao seu lado e vou lutar junto com você sempre. Mas se você quer descansar, você está livre para partir junto com Jesus. A mamãe vai ficar bem e um dia vai te reencontrar. Você pode ir em paz".

A tarde passou lentamente enquanto ela dormia tranquilamente devido à sedação. Mas o silêncio não me enganava, vendo o saco de coleta da urina ainda vazio após horas recebendo soro e o aparelho de pressão que dava erro de leitura a cada nova medida. O choque estava avançando em seu corpo cansado de tanto lutar.

Ao final da tarde, após receber os resultados dos últimos exames de sangue, Dra. Carolina veio conversar conosco. O choque já havia atingido os rins, que não estavam filtrando adequadamente o sangue - já havia indicação para diálise. Foram feitas tentativas com diferentes medicações para ajudar a pressão a subir e os rins a funcionarem, sem sucesso. Algum tempo depois a médica veio conversar novamente conosco. Para realizar a diálise (que eu sempre temi e pedi a Deus que nunca fosse necessário), a pressão precisava subir, caso contrário ela não resistiria ao procedimento. Só nos restava esperar. Assim que ela saiu, Marcelo e eu nos demos as mãos e oramos. Clamei a Deus em lágrimas por misericórdia. Por favor, não permita que ela sofra mais, ela é tão pequenina, tão doce, tão pura. Preferia eu passar por tudo isso, mas ela não... Faz sofrer a mim, mas não mais a ela. Tem misericórdia, Senhor.

Fui avisar minha sogra, que aguardava na sala de espera, sobre a gravidade do quadro dela. Também choramos, nos demos as mãos e oramos. Quando fazíamos esta oração, Marcelo apareceu na porta da UTI. Chamava-me pois ela estava apresentando bradicardia: uma diminuição importante da frequência cardíaca.

Fui correndo com ele até o quarto. O monitor mostrava seu coraçãozinho desacelerando, dos 130-140 bpm normais, caía para 80~70bpm. A médica apareceu enquanto a frequência continuava caindo, 60~50 bpm, depois tornava a subir um pouco. Ela já estava com muitas drogas fortes responsáveis por fazer subir a pressão e fortalecer o coração. Acho que todas possíveis. Percebi uma movimentação, algumas enfermeiras entraram no quarto com um carrinho e materiais. A enfermeira-chefe pediu que saíssemos e aguardássemos lá fora.

Então percebi o que estava acontecendo e em lágrimas, disse à médica: "Preciso fazer um pedido". Todos pararam e me olharam. "Se o coração dela parar, não quero que ela seja reanimada. Não quero que sejam feitos procedimentos que venham a lhe causar mais dor. Não quero prolongar seu sofrimento. Quero que ela tenha uma morte digna, assim como teve um nascimento digno. Assim como permiti a ela nascer e viver, agora quero respeitar a sua hora de morrer".

A médica explicou que essa desaceleração do coração já era um ritmo de parada e que não poderia nos garantir que não a machucariam para fazer a massagem de reanimação. Que de fato ela não estava respondendo a nada, parecia não ter mais energia para reagir como das outras vezes. Marcelo ainda estava confuso. Conversamos bastante. Marcelo perguntou à médica o que ela faria em nosso lugar. Ela disse que não era mãe mas que, se fosse, achava que tomaria a mesma decisão que eu estava tomando. Conversamos por um longo período, talvez mais de trinta minutos - o que dentro de uma UTI pediátrica cheia é bastante tempo. Dra. Carolina já havia acompanhado Vitória nos dois choques anteriores dos quais ela se recuperara rapidamente, e havia cuidado dela com todo o carinho e respeito. Ela disse que nós havíamos ensinado a ela e a toda a equipe o quanto Vitória era capaz, desde a primeira vez em que ela chegou a UTI e ninguém sabia exatamente o que pensar de uma criança com diagnóstico de anencefalia que brigava tanto enquanto tentavam lhe passar um cateter para receber medicamentos. Que se recuperara tão rápido e recebera alta respirando, comendo, interagindo conosco. Disse que se alguém tivesse dito que não valia a pena entubá-la e trazê-la para a UTI, ela não teria aceitado, pois tinha aprendido conosco o quanto ela precisava dessa oportunidade pois sim, tinha condições de responder. E nas duas vezes em que ficara internada, ela voltou para casa bem, com uma vida boa, feliz. Mas que agora os sinais que ela mostrava é de que não tinha mais reserva para reagir, mesmo entubada e com todas as drogas possíveis para reverter o choque. Com a voz embargada de choro e os olhos marejados, a médica disse: mas ela ainda está aqui, não sabemos por quanto tempo, não sabemos por quantos dias, ela pode reagir, vamos fazer todo o possível para que ela fique bem. Por fim todos concordamos em não interferir com procedimentos mais agressivos como uma reanimação, apenas lhe oferecendo todas as medicações possíveis para sua melhora e sedativos pelo cateter para que ela não sentisse dor.

Uma a uma, as enfermeiras vieram me abraçar. Uma delas falou algumas palavras me parabenizando. Todas foram saindo lentamente, em silêncio. A médica também nos abraçou e nos deixou a sós com nossa menina. Ela dormia serenamente, não apresentava nenhum movimento, eu apenas segurava sua mãozinha ainda quente, completamente imóvel. Ficamos ali, nós três junto dela, Marcelo, eu e minha sogra, Cida. A beijamos, fizemos carinho em seu rosto, em suas mãos, em seus pés. Não lembro bem, mas acho que cantamos. Ela apenas dormia enquanto o respirador mandava oxigênio para seus pulmões e diversas bombas de infusão injetavam drogas por meio do cateter ligado a seu pescoço. Passou-se não sei quanto tempo, talvez 1 ou 2 horas. Fizemos algumas poucas ligações para nossos familiares e para um casal de amigos avisando que ela estava partindo.

Chequei sua temperatura pela última vez, 35,8º C. Ela havia tido um quadro de hipotermia severa poucas horas antes devido ao choque, fazendo pouco mais de 33 ºC, e só se aqueceu com uso de uma manta térmica que agora estava desligada. Liguei a manta térmica novamente, e era como que um barulho de vento, e eu sentia o ar soprando ao redor do seu corpinho enquanto estava ali, debruçada sobre ela. Continuamos ali ao seu lado, lhe dizendo palavras de amor. Deixei minha sogra ficar ao lado de sua cabeceira um tempo, junto do Marcelo. Ela também chorou, se despediu, vai com Deus minha netinha. Te amo!

Seu coraçãozinho ia diminuindo o ritmo lentamente... Como se cada vez ela estivesse mais longe e mais longe, e aquele barulho de vento me lembrava a presença do Espírito de Deus lhe envolvendo. Por alguns minutos parecia que estava em uma outra dimensão do tempo e do espaço. Vai com Deus, meu amor, minha filha, minha menina, voa, você é livre, voa seu voo para a eternidade.

Aqui a morte não reina mais, você pertence a Cristo. Você é livre! Voa bem alto, meu amor, vai com Deus! Aqui não há mais desespero. Aqui não há mais medo. Aqui a morte não está lhe arrancando de nossos braços violentamente, mas eu é que estou a te entregar delicadamente, com todo amor, nos braços de Jesus. Aqui a morte é suave porque é apenas uma sombra da morte, é apenas um sono merecido pra quem tanto batalhou. Voa, voa, você é livre! Você foi criada para voar, para voar bem alto. Como te amamos! Como você nos ensinou. Te amamos, te amamos... Lembra aquela festa que eu lhe disse que seria feita no céu para te receber quando você nasceu? Sim, haverá uma festa no céu para festejar sua chegada, e você nunca vai estar sozinha, como eu sempre te prometi.

Marcelo a abraçava enquanto seu coraçãozinho batia cada vez mais devagar, 40~30, 30~20, 20~10. Como a contagem regressiva para sua partida. Marcelo se debruçou sobre seu rosto e a entregou a Jesus. Ela fez um movimento com o rosto e a boca como se tossisse - como se fosse ali sua alma saindo de seu pequeno e adoecido corpo. E então ela se foi. Para sempre. Para o que chamamos de sempre nessa vida.

Como um passarinho que aprendeu a voar, não fazia mais sentido segurá-la em nosso ninho. Senão a proteção e o amor se tornariam prisão. Ela sempre foi livre para ficar ou partir, e isso também era amor. Por dois anos e meio ela ficou, como um pássaro que se limita a pousar pertinho da gente e ali ficar, quietinho a ganhar carinho, mesmo sabendo que pode voar e ganhar o céu. Mas então, de um dia para o outro, ela simplesmente se foi. Na noite anterior ela estava em casa conosco, nos meus braços enquanto eu velava o seu sono de criança. E no dia seguinte ela estava partindo para sempre.

Chamamos a médica que confirmou que ela não tinha mais pulso. Era por volta de 9h30 da noite. Pediram que saíssemos por alguns instantes para tirarem dela todos os fios, todos os tubos. Logo nos chamaram e nos deixaram novamente a sós. Seu corpo estava envolvido em um lençol branco e seu rosto, completamente sereno. Alguns amigos e familiares começaram a chegar. Chegavam sérios e respeitosos mas logo percebiam a atmosfera de paz e leveza em que estávamos envolvidos. Sorríamos, chorávamos e nos abraçávamos. Cerca de meia hora depois uma enfermeira veio nos explicar que seríamos encaminhados ao Morgue, no segundo subsolo, após a médica liberar uma declaração de óbito para providenciarmos o sepultamento, para evitar a aglomeração de pessoas na UTI. Duas enfermeiras vieram levar seu corpo empurrando a própria cama do hospital, e fomos acompanhando. Antes demos um abraço caloroso na Dra. Carolina, lhe agradecemos por tudo. As enfermeiras já iam entrando no elevador e fui correndo atrás, como se não pudesse deixá-la ir sozinha, como sempre fazia em todas as internações e procedimentos. Muitas pessoas permaneceram conosco até que pouco a pouco os últimos amigos se despediram. Já alta madrugada, fui até em casa com minha sogra para tomar um banho e logo voltamos. Continuei ao seu lado, segurava sua mãozinha, a rodeei de bichinhos de pelúcia, tirei as últimas fotos. Tentei dormir em alguns momentos num sofá que havia na sala ao lado, sem muito sucesso. Fechava os olhos e as lágrimas fluíam lentamente pelos cantos dos olhos. Até que, finalmente, quando o dia amanheceu o carro da funerária chegou para levá-la. Fomos seguindo o carro até o cemitério, onde durante a manhã ocorreu o velório e então sepultamos seu pequeno corpo na terra. Aquele corpo que fora gerado em meu ventre, perfeito a não ser pela ausência do crânio, que impediu o desenvolvimento de seu cérebro. Aquele mesmo corpo que dentro de mim se aninhou e se nutriu por 38 semanas. Que eu cuidei, limpei, alimentei a acarinhei durante 2 anos e meio. Que dia após dia carreguei em meus braços, do qual nem um dia sequer me afastei. Era uma parte de mim que eu ali sepultei também. Uma parte de mim também morria. Mas outra renascia para uma nova vida.

Este foi seu fim e estive a seu lado, do início ao fim. A protegi e zelei por sua vida e por seu bem-estar, até que Deus veio buscá-la. Não mais resisti. A entreguei a Deus porque não estava conseguindo mais garantir seu bem-estar, sua felicidade nessa vida com seu corpinho cansado de tanto lutar e crescer apesar de tudo. E assim eu encontrei a paz.

Algumas vezes, depois que ela se foi, ainda me perguntei: por que foi necessário que ela sofresse antes da sua partida, se era tão pura, tão inocente? E eu mesma me vejo pensando que se não tivesse havido sofrimento, dificilmente eu teria aceitado que era chegada a hora de deixá-la ir. Dificilmente eu a teria entregue com tanta suavidade e submissão a Deus e guardado a lembrança de sua partida como um momento de paz e descanso. Entendi também que ela foi poupada de muitos mais sofrimentos, adoecendo e partindo no mesmo dia

Dificilmente eu não teria me culpado, me perguntando se algo mais poderia ter sido feito. Mas ali eu sabia que tudo havia sido feito e que nada mais adiantaria. Era o seu momento de voltar para Deus. E me consolo pensando que não houve nenhuma dor que ela tenha passado que Jesus também não tenha sentido. Que assim como eu sofri vendo-a sofrer, Deus também sofreu miseravelmente vendo seu Filho sofrer barbaramente, física e emocionalmente, aqui nesta terra. E essa morte trouxe vida após a morte para a minha filha. É nisso que eu creio. Foi essa promessa que me fez andar pela fé durante toda essa dolorosa caminhada. Foi essa promessa que me fez enxergar vida e bênção no meio da doença e da morte.

Deus e ela esperaram pacientemente até que estivéssemos prontos para deixá-la ir.

Foi esse o fim da nossa história que lá em janeiro de 2010, eu comecei a contar aqui e disse que não sabia como terminaria, mas que confiaria que Deus estava conduzindo e fazendo algo grandioso. E Ele fez! Quantas coisas incríveis e maravilhosas eu pude contar a vocês aqui nestas páginas durante estes 2 anos e meio e ainda depois que ela partiu. Como a vida dessa pequena criança foi usada para tocar corações, para sacudir e quebrar paradigmas, para lembrar a tantas pessoas que existe um Deus que nos criou, que nos ama e que nos chamou à existência com um propósito. Sim, se Ele confiou uma missão e um sentido à vida de um pequeno feto malformado com apenas 12 semanas de gestação - um pequeno feto totalmente desprezado e humilhado por esse mundo, uma vida que tem sido tratada por muitos como nada e como lixo, mas que nós amamos e consideramos valiosa, preciosa, como cremos que somos considerados por Deus - Se Ele fez coisas grandiosas por meio dessa pequenina vida, não terá Ele também um sentido, um propósito e uma missão para cada um de nós, que fomos agraciados com o milagre de sermos formados perfeitamente? Se tivemos o privilégio de nos desenvolver a ponto de estar aqui diante da tela de um computador escrevendo, lendo, pensando, chorando? Certamente Ele tem páginas muito especiais a escrever para cada um de nós.

E foi assim que, contando a história de minha filha, eu encontrei a minha própria história. Buscando um sentido para sua vida eu encontrei sentido na minha. Descobri que podia reencontrar a paz após a notícia mais triste que poderia ter recebido, quando no início da uma gestação muito sonhada, ouvi que meu bebê tinha um problema muito grave e iria morrer. Quando parecia que nada mais faria sentido, nada mais voltaria a ter cor, luz e sentido em meus dias...

Apenas vivi um dia de cada vez, e no início de cada um destes dias pedi forças a Deus, e ajuda para enxergar com os olhos da alma aquilo que o coração e a razão nem sempre compreendiam. E o senti de forma intensa e real, a me dar a mão e percorrer junto comigo cada passo desta caminhada.

Entendi que o sentido precisava ser encontrado ao longo do caminho, e não no fim.


Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;
Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;
Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;
Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora;
Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;
Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.
Eclesiastes 3:1-8



Agradeço, agradeço e agradeço. 
Por tudo que foi vivido. 
Cada dia que você esteve aqui comigo, 
em que você se deixou ser por mim amparada e cuidada. 
Agradeço cada batida de seu pequeno coração neste mundo.

Agradeço o tempo que você ficou 
e o tempo que você partiu. 
Agradeço pelos dias de batalhas e lágrimas, 
e pelos dias de riso e de paz.

Agradeço por ter sido guiada e instruída a te amar. 
A respeitar sua vida, 
e a respeitar a sua morte. 

Agradeço, agradeço e agradeço. 
Agradeço pelo seu descanso 
e pela vida que ainda tenho a viver. 

Sempre carregarei comigo a cicatriz da sua ausência, 
mas essa será também a lembrança 
de que essa vida é imperfeita, cheia de dores
mas única e bela, 
e que precisa ser vivida
seja como for.

Que cada dia seja digno, 
que cada dia seja único,
que cada dia seja sagrado,
que cada dia seja celebrado.

Agradeço o tempo de viver.
Agradeço, agradeço, agradeço.

domingo, 21 de junho de 2015

Um pequenino milagre em meus braços

Hoje depois de muito tempo assisti novamente ao documentário que foi produzido pela Estação Luz Filmes sobre a história de nossa filha Vitória. Só aí me dei conta de que há exatos 5 anos, em 21/06/2010, ela recebia alta hospitalar para ir para casa!

Lembro que foi uma sensação única de alegria e gratidão pegar aquele pequenino milagre em meus braços e levá-lo para casa. 

Não sei por que fui escolhida para essa missão. Mas recebi a responsabilidade e o privilégio de amar e zelar pela vida de uma criança única, especial e muito frágil. Lutei ao seu lado durante quase 3 anos com todas as minhas forças e além. Pude experimentar a presença de Jesus ao meu lado todos os dias. Não teria conseguido sem Sua presença a me lembrar o amor incondicional de Deus por mim e por minha filha, e Seu Espírito a nos sustentar e conduzir.

Foram anos preciosos em que senti de forma muito intensa o quanto a vida é algo sagrado, valioso e passageiro. Sua presença nos enchia de amor, de paz, de coragem e fé. A mim me parece que às vezes Deus escolhe os mais pequeninos e frágeis para se manifestar entre os homens e para serem mensageiros de seu amor. Talvez porque nós vivemos aqui tão cheios de nós mesmos que nos custa silenciar para ouvir a Deus.

Quanto sentido de vida ganhei com sua vida tão breve. 

Em julho fará 3 anos que ela recebeu sua "alta" dessa vida limitada e foi para sua verdadeira casa. Vem chegando aquela tristezinha misturada com a saudade de ver quanto tempo que já não a temos mais aqui. Mas é bom pensar que, assim como nós a levamos para nossa casa nessa vida passageira e imperfeita, naquela manhã fria de 21 de junho, com tanto orgulho, com tanto amor, felizes por ela não precisar mais ficar no hospital... Jesus também deve tê-la recebido com todo amor e muito, muito orgulho, quando ela nos deixou naquela noite gelada de julho de 2012, liberta de todas as dores e desafios desta vida... "Missão cumprida, minha princesinha guerreira, seja bem-vinda! Como te amamos e estamos felizes que você esteja aqui" 

Se eu, tão imperfeita e limitada que sou, a amo tanto, imagina Deus! Pensar no profundo amor que Deus tem por ela acalma e aquece meu coração de mãe - que convive com a ausência de uma filha que ainda é e sempre será muito amada. 

Compartilho o documentário novamente, para quem ainda não assistiu ou para quem quiser relembrar conosco.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

5 anos e a alegria da sua lembrança

Cinco anos. Meia década se passou.

Cinco anos atrás eu estava grávida de 38 semanas. Olhava para aquela barriga enorme que escondia meus pés, onde carregava dentro de mim uma vida. Uma pequena criança envolvida em amor e ternura extremos. Eu não fazia ideia do que aconteceria. Só sabia que tinha valido a pena chegar até o final daquela gestação. 

Neste horário eu ainda não conseguira dormir. Sentia ansiedade, agitação, euforia e medo. Em poucas horas minha filha nasceria. A médica marcara a cesárea algumas horas antes e precisava chegar ao hospital às 5 da manhã. Deitada sobre o lado esquerdo do meu corpo, com uma almofada para ajudar a amortecer o peso da barriga, eu me encolhia e abraçava a mim mesma com as mãos sobre o ventre. Respirava fundo e tentava relaxar. A mente voava em pensamentos de alta frequência, muitas vozes tentavam enumerar todas as possibilidades para o futuro mas eu respirava fundo, relaxava e as silenciava. 


Eu te amo, bebê. Eu te amo. Obrigada. Nunca vou te esquecer.

Ela nasceria viva? Choraria, respiraria, viria para os meus braços? Como seria sua aparência? Seríamos bem tratadas no hospital ou hostilizadas? Seria melhor que ela sobrevivesse? Respiro e penso que não importa o que acontecer, tudo vai ficar bem. Inspiro e expiro lentamente e me sinto mais calma. O que importava era o que eu carregava dentro do meu coração. Amor. Se o coração se desesperava, pensava neste amor, pensava neste Deus que eu tinha experimentado e sentido ao longo da gestação, que me acolheu e sustentou. E o coração se acalmava. Tudo vai ficar bem.

Eu queria um milagre. Eu clamara por um milagre. Eu não queria estar vivendo aquela história. Queria viver uma outra história. Queria um bebê perfeito, saudável, sem problema algum. O bebê dos meus sonhos, idealizado, planejado, esperado. Mas ele fora roubado. Meu bebê era malformado e incompatível com a vida. Tinha dificuldade de imaginá-lo, de enxergá-lo como uma pessoa. Mas ao longo da gestação, enquanto esperava pelo que não tinha mais esperança, aprendi a amar. Percebi que precisava amar aquele bebê, era minha única chance. Nossa única chance. Minha única escolha. Meu único caminho. Aceitar. Amar. Quanta ternura encontrei nesse caminho que parecia ser só de duros e dolorosos espinhos.

Percebi que precisava deixar de lado o bebê idealizado e sonhado, parar de chorar por ele e me concentrar em amar e celebrar aquele bebê real, precioso, amado e único que abrigava junto a mim. Ou corria o risco de amar alguém que nem existia e perder a oportunidade de amar quem estaria ali junto de mim por tão pouco tempo.

Mantinha os olhos fechados, mas não sentia sono. Fazia calor, mas era uma noite fresca. Em uma mochila já colocara minhas roupas e produtos de higiene. Numa bolsa que comprara junto com as coisas do enxoval, as roupinhas da minha filha, 6 conjuntinhos de menina. A noite passou enquanto eu cochilei superficialmente por umas 2 horas. Me sentia eufórica. Todos me achariam louca, mas eu estava feliz apesar do medo. Pus uma calça jeans larguinha de gestante e uma bata branca, penteei os cabelos compridos. Tinha 27 anos e estava me tornando mãe. Uma menina. Minha filha nasceria. Tinha valido a pena viver todas estes meses junto com ela. 

Quando ela nasceu, tive mais certeza ainda do quão importante fora aquele tempo para nós. Aquela paz que senti no peito, o que era aquilo? Momentos de presença divina.

Seu choro ecoou pela sala e ficou gravado para sempre em nossa memória apesar de não haver nenhuma gravação física. Ela nasceu envolvida em fragilidade e realizou tantas coisas, tocou tantas vidas, mudou tantas histórias, nos transformou.

Enquanto eu aguardava na recuperação, de olhos fechados enquanto as lágrimas escorriam pelo canto dos olhos, não sabia o que aconteceria, por quanto tempo ela viveria. Só pensava que tinha valido a pena ter chegado até ali. Ter vivido aquela breve história de vida carregando dentro de mim uma pequena e preciosa vida durante alguns meses.

Jamais imaginaria que tantas coisas incríveis aconteceriam nos 2 anos e meio depois daquele 13 de janeiro de 2010. Como foram anos intensos, profundos, de grandes desafios e de grandes alegrias. Tive mais momentos sorrindo e vivendo horas de extremo amor e carinho de que de lágrimas. Foram poucas as ocasiões em que chorei na sua presença. Junto dela eu sentia paz, força, coragem, amor. E todas estes sentimentos me faziam bem, me curavam. Me faziam me sentir mais feliz, mesmo nas horas difíceis. Apesar de tudo. Essa certeza de que Deus estava ali conosco e que tudo estava valendo a pena. Fui eu mesma que vivi tudo isso?

Como mudei e fui transformada por aquela menininha delicada e frágil. Ao amá-la e aceitá-la, aprendi a amar e aceitar a mim mesma. Ao ser compassiva e solidária com suas imperfeições, aprendi a compreender e respeitar a mim mesma com todas as minhas imperfeições e limitações. Ao lutar e acreditar na superação dela, passei a acreditar mais em mim mesma e nos meus sonhos. Ao me sentir feliz pelo simples fato de ela estar viva, aprendi a estar feliz pelo simples fato de eu mesma estar viva. Celebrando sua vida passei a celebrar a vida como um todo, como uma dádiva divina imensurável. Apesar de tudo.




Ela viveu 2 anos e meio conosco após nascer e agora há praticamente 2 anos e meio que ela morreu. Não parece que faz tanto tempo. Parece que o tempo que ela estava conosco foi muito, muito mais longo do que o tempo da sua ausência. O tempo corria em outra frequência.

Ela se foi, mas ficou em tudo que nos ensinou. Não tenho mais a alegria de ver sua superação dia a dia aqui ao meu lado. Mas tenho a alegria de ter sua lembrança guardada no coração. De termos superado juntas tantas limitações. Não somente dela, mas minhas também. E certamente também do papai que tanto a amou e ainda ama.




Não sei por que tudo isso aconteceu comigo. Não tenho todas as respostas e nem pretendo tê-las. Só sei que eu a amei e o amor fez tudo valer a pena. 

Hoje não é um dia para chorar e pensar que é aniversário de uma filha que já morreu. É dia de celebrar a vida de uma filha que só nos deixou bênçãos, maturidade e amor. De pensar no dia em que ela nasceu, em que nossas vidas foram abençoadas pela sua vida.

Cinco anos de nossa amada e eterna Vitória de Cristo. Quanta saudade, pequenina, quanta saudade! Parabéns! Obrigada por tudo! Te amamos!!!

Mamãe, papai e Benjamin


terça-feira, 29 de julho de 2014

Dois anos de saudade


Por muito tempo achei que a ausência é falta. E lastimava, ignorante, a falta. Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim. E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência, essa ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade


Queridos amigos...

Cá estou eu novamente a escrever aqui no blog da nossa princesinha depois de tanto tempo! Dessa vez vou tentar ser breve - já comecei tantas e tantas postagens que nunca termino, pois o tempo aqui tem sido sempre contadinho! e assim o blog tem ficado tanto tempo sem notícias. 

Este mês, no dia 17, completaram-se dois anos de saudade de nossa amada filha. Há dois anos que ela simplesmente bateu suas asas e voou para o céu. Assim, de repente, de um dia para o outro, após uma despedida rápida porém intensa.

Comecei a escrever um relato - mais um - com mais detalhes sobre o dia da sua partida. Ainda não pude concluir - como as conclusões são às vezes difíceis! - mas relembrando pude chorar, me emocionar, sentir novamente a dor da despedida e da falta que essa filha amada e preciosa nos deixou. O tempo às vezes é injusto: a gente vai esquecendo um pouco a dor da perda, como uma cicatriz que vai se apagando, se amenizando, mas isso tem um preço: a gente também acaba perdendo certos detalhes da memória. Às vezes, vivendo certas coisas com Benjamin, fico tentando lembrar como era a rotina com minha princesinha, como era para fazê-la dormir, como era o banho, e para minha surpresa vejo que algumas coisas vão ficando meio apagadas com essa distância que o tempo traz. E é tão bom lembrar como era pentear seus cabelos perfumados depois do banho, abraçá-la bem forte e enchê-la de beijos antes de dormir. Ver seu rostinho de satisfação quando eu lhe alimentava, como tomava com gosto as vitaminas de frutas na mamadeira, até dava uns gemidinhos de alegria, como gostava! Mas aí vem a dor da saudade e a gente fica nesse vai e vem de sentimentos.

Pude enxergar a misericórdia imensa de Deus mais uma vez com a presença de Benjamin em nossas vidas, que tem nos trazido muita alegria e consolo. Ano passado, no dia 17 de julho, estávamos fazendo o 2º ultrassom para acompanhar seu desenvolvimento, com apenas 8 semanas de gestação. Esse ano, 17 de julho foi um dia ensolarado e agradável, pude passear com Benjamin e levá-lo pela primeira vez no parquinho do nosso condomínio!



Nosso amada menino tem crescido sendo muito abençoado por nosso Deus! É um menino forte, muito sadio, muito esperto e atento a tudo, risonho e sensível, um grande presente de nosso Pai para seguirmos em frente com nossas vidas com a motivação de amá-lo, protegê-lo, educá-lo em amor.

Foto: 5 meses!
Prometo vir aqui em breve dividir mais como tem sido estes primeiros meses com ele, são muitas alegrias, e gostaria de dividir mais dele com vocês aqui no blog... mas ao mesmo tempo em que me falta tempo, também prefiro que o blog fique mais com as lembranças de nossa gatinha - afinal a vida segue em frente e tudo passa tão rápido mas aqui será sempre um cantinho para recordar, com o meu tesouro de memórias.




Nestes 2 anos temos aprendido a viver sem uma parte tão importante de nossas vidas, sem a presença de nossa primeira filha em nossa família. Temos recebido muito consolo e bênçãos de Deus nesse tempo, mas a saudade é enorme. 

Após o nascimento do Benjamin, tantas vezes o coração aperta pensando como teria sido maravilhoso se ela tivesse se formado perfeitamente, tantas coisas lindas teríamos vivido a mais com ela, coisas lindas como as que estamos vivenciando com ele.

Mas é certo que ela nos transformou. Nos ajudou a ver a vida com outros olhos, com um pouco mais de amor, menos julgamento, mais compaixão, mais pureza... como ela era preciosa!!!

Lembro quando descobrimos o diagnóstico, quando soubemos que nosso bebê iria morrer, a cada dia que acordava aquilo tudo parecia um terrível pesadelo. Aos poucos Deus foi nos confortando, nos envolvendo com seu amor, seu cuidado, nos ajudando a perceber que tesouro mais precioso que Ele estava nos presenteando. Vivemos coisas tão lindas, era como se um pedacinho do céu estivesse conosco a cada dia da vida dela. Hoje eu lembro de tudo que vivemos e nem acredito, é como se tivesse acordado de um sonho e as lembranças que guardamos me ajudam a perceber que tudo foi maravilhosamente real.



O Marcelo também escreveu algumas palavras que compartilho com vocês aqui:




Não, não foi um sonho...foi tudo real! Eu vi com os meus olhos, eu senti com as minhas mãos.Seu olhar invadiu meu coração e sua ternura transformou o meu ser, com você presenciei diversos milagres!

Dois anos sem sua presença, como eu consegui? Somente com a misericórdia e o consolo de Deus! A saudade é enorme, mas a esperança é muito maior. Confio que o reencontro será melhor que o tempo em que estivemos juntinhos nessa terra. Minha grande amiga, minha serelepe, minha gata! Te amo tanto que me faltam palavras para expressar. Sou tão grato a Deus pela honra de ser teu pai, por ter carregado essa preciosidade em meu colo, por ergue-la em direção ao céu e declarado minha felicidade a Deus por sua existência. Louvado seja o Deus Eterno que nos dá muito mais que merecemos!

Marcelo 


Grande é o Senhor

Esse é um louvor que nos lembra muitíssimo de nossa amada Vitória. Que falou ao nosso coração desde a sua gestação até o momento da sua despedida. Hoje sempre que o ouvimos lembramos dela de forma muito intensa, lembramos de toda a sua vida, de tudo que aprendemos, e agradecemos e glorificamos a Deus por isso.






Toda vez que ouço essa canção, é como seu estivesse mais pertinho dela. Lembro daqueles seus primeiros dias de vida, em que pouco a pouco fomos nos apegando mais e mais àquela bebezinha frágil, imensamente doce, indescritivelmente pura, que nos transmitia um profunda paz. Lembro do seu cheirinho, suas mãos delicadas e finas e sua ternura em meio a todos os desafios que enfrentou durante sua vida. Lembro da lição que ela nos deixou, de que mesmo quando estamos vivendo tempos difíceis, é possível exultar e viver a mais pura paz e alegria na presença do Deus Altíssimo que nos criou e tem a nossa vida em suas mãos de amor.

Obrigada, Senhor, obrigada.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Reportagem na TV Jangadeiro para o Dia das Mães

Olá queridos!

Na semana do Dia das Mães a TV Jangadeiro de Fortaleza fez uma matéria contando um pouco de nossa história com nossa amada Vitória e agora com nosso gatinho Benjamin, em uma série de reportagens em homenagem às mães.

O dia a dia com nosso amado Benjamin tem sido muito especial, feliz e também intenso como é normal com todo bebê, então ainda não tinha conseguido postar aqui no blog. (Tenho postado com um pouco mais de frequência uma coisa ou outra na nossa página no Facebook Vitória de Cristo e Amigos).

A reportagem pode ser vista nesse link: Matéria TV Jangadeiro - onde também podem ver um pouco como está nosso gatinho Ben! 

Um forte abraço a todos!!!

domingo, 11 de maio de 2014

O presente de ter sido sua mãe

Foto tirada no final da gravidez da Vitória, em dezembro de 2009 - alegria e gratidão por esta menininha que me tornou mãe!

Hoje foi um dia muito feliz, comemorando o primeiro Dia das Mães com nosso amado filho Benjamin... Que chegou em nossas vidas há tão pouco tempo já trazendo tanta alegria e vida. Que encheu nossa casa de sorrisos, como manhãs ensolaradas amanhecidas com sono, abraços e muitos carinhos.

Um dia de agradecer a Deus por este presente precioso: um filho saudável, tão lindo, doce, risonho. Um filho sonhado, esperado, desejado e profundamente amado.

Também um dia de saudade, de gratidão e aquela pontinha de melancolia, lembrando da nossa princesinha Vitória. Pelo segundo Dia das Mães ela não está mais aqui comigo... Pelo segundo ano não posso envolvê-la em meus braços, beijar seus cabelos e lhe dizer que a amo e que sempre a amarei. 

Que deixou um amor imenso no meu coração e um vazio na casa, de um espaço que sempre será dela e só dela... Com a sua doçura, pureza e delicadeza de menina especial que foi em nossas vidas.

Esta menina que me tornou mãe. Com quem descobri a maternidade. Esse amor tão profundo, forte e corajoso que a gente sente crescer dentro de si sem saber de onde, como uma enxurrada que passa arrastando tudo que vê pela frente, que nos leva a fazer o que for preciso para ver um filho bem, feliz, seguro junto de nós.

Como agradeço a essa menininha que passou em minha vida e mudou tudo. Que me transformou profundamente me tornando mãe. Que me deixou muita maturidade e abençoou intensamente a nossa família. Não sei como posso viver sem ela. Mas não sei como poderia viver sem ter sido mãe dela.

Ela não está aqui para me abraçar e presentear como os filhos fazem com suas mães... Mas ter sido sua mãe foi certamente um presente para toda a vida.

Te amo pequenina, guardo no coração um amor eterno por ti, que guardarei por toda a vida até te encontrar novamente... até te abraçar novamente como te abraço ainda em minhas lembranças. Obrigada, meu amor, obrigada. Mamãe te ama.

domingo, 27 de abril de 2014

História de vida: entrevista para Paulinas TV

Queridos amigos, essa é uma entrevista exibida no Programa Deus com a Gente da TV Aparecida/ Paulinas TV em dezembro do ano passado sobre nossa história de vida com nossa princesinha Vitória. Foi gravada quando ainda estava grávida do nosso gatinho Benjamin. Ficou muito bonito!



Todas as vezes que assisti me emocionei no final pensando no dia que seremos recebidos por nossa princesinha no céu. 


Aproveito para agradecer todos os comentários de apoio para que continue escrevendo no blog!

Na verdade o que quis dizer não é que o blog será desativado ou que nunca mais vou atualizá-lo. Mas que seguirei mantendo este ritmo de postagens como já vem sendo feito, apenas de vez em quando, focando sempre em homenagear nossa amada Vitória. Às vezes tenho vontade de escrever mais, porém o tempo está realmente escasso e sinto que não cabe mais aqui atualizações semanais como fazia quando nossa Vivi estava conosco.

Mas de tempos em tempos sempre vou passar por aqui para deixar notícias e quando possível dividir com vocês lembranças, reflexões, sentimentos, fotos, apenas num outro ritmo.

Obrigada pelo carinho de todos e palavras tão especiais, obrigada por sempre dividirem conosco o quanto Deus usou a vida da nossa princesinha para falar aos seus corações!

Aproveito ainda para convidá-los a visitar o blog do nosso grupo de apoio, o Grupo Vida Acrania e Anencefalia, com relatos de outras famílias que tiveram bebês com acrania e anencefalia. Este grupo é um projeto ao qual tenho me dedicado para ajudar outras famílias que são atingidas pelo mesmo diagnóstico que nossa Vivi. Temos o blog e a página do Facebook, por favor quem puder curtir e nos acompanhar nesse trabalho de apoio e conscientização, tudo isso é feito pensando em honrar a vida da nossa eterna e amada gatinha!

Um abraço carinhoso e fiquem com Deus!


quarta-feira, 26 de março de 2014

Esclarecimento...

Infelizmente em meio a tantos comentários carinhosos e positivos, tive o desprazer de ler hoje um comentário anônimo no blog cheio de veneno, ignorância e grosseria, de alguém me chamando de louca de pedra por ter esperado o trabalho de parto para que o Benjamin nascesse, me acusando de ter colocado a vida dele em risco, mesmo depois de já ter perdido uma filha, por ter esperado a bolsa estourar e ter dilatação!

Em momento algum coloquei a vida do meu filho em risco. Entrar em trabalho de parto e ter a bolsa rota naturalmente por algumas poucas horas não colocam a vida de um bebê saudável em risco, ao contrário, fazem muito bem para o bebê e para a mãe, por isso escolhi esperar por isso! Inclusive tive que pagar a parte pela assistência de meu médico por escolher fazer a cesariana fora de um horário agendado, mas sim no horário que nosso filho escolheu para nascer. 

Quando a mulher entra em trabalho de parto, são liberados em seu corpo hormônios que ajudam no amadurecimento do bebê, preparando-o para o nascimento, quando terá que respirar por conta própria, mamar, manter a temperatura corporal, etc. O trabalho de parto também é a forma mais segura e certa de saber que um bebê está realmente pronto para nascer. Havendo o devido acompanhamento e o bebê estando bem - que foi o nosso caso desde o início, não há porque se preocupar.
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